quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que o Brasil pode ensinar aos americanos


Cumadi Du: Eu tô mandano pra tu uma carta iscrivinhada pur Rosinha. Tu me fai um favô de amostrá pra Lulinha. Brigado,viu!


O que o Brasil pode ensinar aos americanos
Achei muito importante a decisão tomada pelo presidente Obama a respeito dos serviços de saúde para as pessoas que não podem custear os caríssimos planos de saúde que fazem farra no bolso dos abonados filhos do Tio Sam.
Para meu espanto, dois dias após vi no noticiário que dezessete estados americanos posicionaram-se contra essa medida. Para o meu espanto sim, pois, como profissional de saúde mental que sou, me impressionou o descaso com que são tratados os “outros” irmãos americanos, aqueles que nada podem.
Os que não podem. O calo inflamado no pé dos governantes e dos poderosos, cujo ego como o Édipo da tragédia grega é cego para não ver suas mazelas e, principalmente não ver o que causou ao outro. Será que é só isso? A grande nação americana constitui-se apenas nisso? Historicamente parece que sim.
A América tem uma grande história de heróis, mas principalmente uma história maior ainda de vítimas. Vítimas inocentes ainda clamam por justiça, ao menos histórica, nos campos onde pastavam os grandes bisões.
As grandes nações indígenas foram dizimadas e as que não foram duvidamos à vezes se não teria sido melhor a extinção, pois vemos seus descendentes relegados a reservas onde a sua cultura e sua língua morre de inanição.
Os africanos também regaram seus campos com o sangue dos filhos da grande mãe África. De reis e rainhas passaram a vítimas de sociedades constituídas de infantes psíquicos que criaram um aparthaid legalizando o crime como instituição legal e até mesmo heróica, quando se tratava de impedir o acesso dos negros a uma universidade ou até mesmo a um banco de transporte urbano. Uma “coisa” chamada Klu klux Klan que ainda hoje “coisifica” seres humanos e cidadãos pelo simples fato de terem pele negra.
Será preciso outra guerra da secessão para fazer essas pessoas crescerem emocionalmente? Até quando o americano bem sucedido vai ter como maior preocupação a nova versão de sua maquininha de chupar pirulitos?
Claro que no meio de toda essa arrogância do “estamos na América” existem mentes brilhantes que todos os dias saem de casa preocupados em fazer um mundo melhor. Grandes humanistas, cientistas e políticos que a despeito da Era Bush, não achavam que tinham que poluir o mundo contanto que não faltasse gasolina no carro nem hambúrgueres em sua fast-food favorita. Aí surge Obama. Político, negro de nome árabe e o que é melhor, normal: casado com uma mulher inteligente que sabe ser elegante com ou sem um Dior sobre a pele. Mãe de duas lindas crianças. O “cara”- the Guy.
Mas afinal o que o Brasil pode ensinar aos americanos? Podemos começar falando da boa mistura que fizemos e produzimos a mulata. Podemos falar da caipirinha e da feijoada, dupla imbatível da nossa gastronomia. Carnaval nem pensar afinal uma nação em sua maioria luterana não se agrada muito das nossas malemolentes mulheres e moçoilas sacerdotisas de momo. Isso tudo faz parte de clichês que se fizeram conhecidos pelo mundo afora muitas vezes de forma negativa. Ninguém fala da nossa solidariedade, do nosso carinho com estrangeiros, da nossa alegria. Mas como disse o compositor: “A dor da gente não sai no jornal”. Nem as nossas qualidades.
Mas eis que surge alguém lá no cantinho do Brasil que se preocupa e cria uma instituição que se preocupa com a saúde e a aposentadoria de um povo: um “cara”.
Depois outro cara descobre que trabalhador tem direitos e cria-se uma legislação trabalhista que embora precise de ajustes, funciona. E passados alguns anos surgem os sindicatos, e o resto é história.
No meio dos nossos equívocos nacionais, saído de uma terra de quatro estações – seca, poeira calor e mormaço – nasce um menino que sonha. Sua mãe, uma mulher analfabeta, forte e incisiva como a Chapada do Araripe, dá o melhor de si para que o menino cresça. Mas como? Crescendo entre o quipá e o cardeiro, comendo um dia sim e oito não, o menino cresce com a força e a coragem de uma palma espinhosa que embora com sede fincado na terra árida, ainda consegue florir. Eita menino danado!
Mas se o nordeste é o filho rejeitado do Brasil, Pernambuco era o bastardo do nordeste. Criamos a instituição do pau-de-arara. Linhas diretas com a fome e a miséria. Linhas diretas para o grande eldorado do “ sul maravilha”. Linhas diretas para a criação das primeiras favelas.
E o menino teimando. Até que um dia, o menino vira homem e o homem vira lenda. Era tão bom que houvesse uma Dona Lindu em cada canto do Nordeste!
O menino hoje é “o cara”. Príncipes, reis e políticos podem ouvir as idéias que antes eram apenas o sonho de um operário viajante de pau-de-arara. Até mesmo a Grande Nação Americana quer ouvir o que ele tem pra dizer e melhor, dizer na ONU.
“Houston, temos um problema”. E dessa vez não foi a águia que não pousou. É que depois de um bad boy das Alagoas, veio um Doutor em sociologia. Mas como dizem uns cruéis antropólogos que conheço; os sociólogos pensam, os antropólogos vão lá e fazem. Pois é, vai ver o menino danado virou antropólogo. Mas Dona Lindu ia até achar graça desse negócio que ela nem sabia o que é. Eita menino danado!
Analfabeto?! Mas o que danado ele tanto diz que traz gente dos quatro cantos do mundo só pra ouvir? Se Dona Lindu visse... Ia morrer de alegria.
Hoje Pernambuco é um canteiro de obras e de esperanças. Vem gente de todo lugar pra esse novo eldorado que se antes era chamado de fim do mundo hoje é o começo, principalmente o começo de uma nova era. Caetés entrou para história.
E aí Obama! O menino não virou mesmo “o cara”? O menino faminto, agora é amigo de Obama e dos príncipes do petróleo. Ele teimou. Mas e o que os grandões do sul e do sudeste falam dele é verdade? Sei não. Só sei que eles são sociólogos nunca vieram olhar. Além do mais todo menino sabe o que é ter inveja e conhece invejoso pela poeira dos pés. Dona Lindu tá “se” rindo. Lá no céu. E ele na terra é amigo do Obama , o cara.
Que nada Obama. O cara – the Guy – és tu. Ele é nosso e é um “cabra”. Um grande “cabra da peste”. Boa noite Dona Lindu! “Inté” Cumade Fulôzinha. Amanhã “nóis cunversa” mais.
Rosa - A de Luxemburgo

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